Olá!
Não falei sobre isso, mas comecei a fazer licenciatura em História. Sim, meu novo projeto profissional é ser professor.
Comecei no início desse ano, estou terminando o semestre agora, acho que me sai bem. Estou aguardando as notas (torçam por mim! rs).
Em fim, essa postagem não é pra falar sobre mim, e sim para divulgar dois textos que muito me identifiquei nesse semestre.
São dois textos bem leves sobre educação. Espero que gostem!
Educar pra quê?
Frei Betto
Adital - Brasil - Falar de educação é falar de sociedade. Um dos reflexos da
concepção cartesiana que temos da educação é que as distinções são mais
acentuadas do que as conexões. Por isso, hoje se fala em concepção holística da
educação, de modo a reatar os nós desatados pela modernidade cartesiana. Reza a
Constituição brasileira: "A educação é de responsabilidade da família, da escola e da
sociedade". Às vezes, imagino os promotores, o Ministério Público, entrando com
recurso junto à União, penalizando a sociedade por não cumprir seu papel educativo.
Em nações indígenas tribalizadas, a educação de uma criança depende de todo o
conjunto da comunidade; não é responsabilidade da escola, que não existe, nem dos
pais, porque toda a comunidade é concebida como sendo a família da criança e do
jovem. É evidente que essa utopia não é mais realizável nas nossas cidades que,
inclusive, foram concebidas, não em função da humanização das pessoas, mas como
burgos. Daí o nome "burguês": aquele que vivia numa confluência, num
entroncamento de caminhos, em que se dava a troca de mercadorias. O que marca a
origem das cidades no Ocidente, tais como as conhecemos hoje, é o interesse
econômico. Todo planejamento viário da cidade é feito em função do fluxo da
economia, e não da qualidade de vida dos cidadãos. Embora o Brasil tenha, hoje, mais
de 80% da sua população na cidade, ainda resistem no campo quase 20%. E é no
campo que se encontra o maior contingente de mão-de-obra entre os 64 milhões de
trabalhadores brasileiros. Como é possível a agricultura ainda representar o setor que
mais absorve mão-de-obra (23%, seguindo-se o setor de serviços, que emprega 21%)
se há tão pouca gente no campo? Infelizmente isso é perfeitamente explicável se
trabalharmos com o fator bóia-fria. Pessoas que, todas as madrugadas se deslocam
de um centro urbano para trabalhar, ou pessoas que passam períodos na zona rural
em busca do seu sustento. Isso não significa que o Brasil tenha um mundo urbano em
contraposição ao mundo rural, pois há uma progressiva unificação da mentalidade do
brasileiro graças ao avanço dos meios de comunicação. Nessa rede de comunicação,
o veículo mais poderoso é a televisão. Segundo o Censo do IBGE de 2000, 86% dos
lares brasileiros têm televisor; ou seja, de cada 100 brasileiros, 86 têm televisor.
Dados da Unicef (2002) revelam que, no Brasil, os adolescentes passam, em média,
4h por dia em sala de aula, e 3h55m diante da TV; ao contrário da média européia,
que são 8h em sala de aula e menos de 4h diante da TV. As duas médias estão muito
distantes do índice de Cuba, o país mais avançado em educação em toda América
Latina, onde os alunos passam, em média, 12h por dia na sala de aula. Cidadania X
consumismo Há uma dicotomia ou tensão entre o propósito educativo e o conteúdo
predominante na TV brasileira. Nada contra as emissoras; o problema está no
conteúdo que, salvo raras exceções, visa formar consumidores, e não cidadãos. De
outro lado, estão a escola, a família, as Igrejas que, em princípio, têm o propósito de
formar cidadãos. Isso explica o nosso desconforto como educadores. Com muita
freqüência, educadores me perguntam: "Por que, na nossa época, éramos tão
disciplinados em sala de aula, e agora o pessoal é tão agitado?" A resposta, a meu
ver, é óbvia: porque, agora, a garotada gostaria de poder mudar o professor de canal.
Agüentar por quarenta, cinqüenta minutos, aquele tom monocórdio, não é fácil,
principalmente quando o professor não é dotado de pedagogia para tornar atrativa a
sua presença em sala de aula. A TV brasileira é uma concessão pública; o Estado
deveria, em nome da sociedade, e como provedor, não só de nosso bem-estar, mas
também do nosso crescimento cultural e espiritual, exigir das emissoras parâmetros
educativos. Isso não acontece. As emissoras são o melhor presente que umas poucas
famílias podem receber desse Estado clientelista, que privilegia determinados
segmentos da sociedade. Até porque não se exige dessas famílias, "donas" de canais
de TV, aquele mínimo que se espera em qualquer país decente, ou seja, a devolução
aos cofres públicos de uma parte da fabulosa verba de publicidade. Imaginem se 10%
dessas verbas fossem destinados à educação fundamental! Seria uma revolução,
principalmente considerando que, das verbas destinadas ao ensino fundamental,
apenas 8% do montante chegam ao segmento que representa os 20% mais pobres da
população. Das verbas destinadas ao ensino superior, quase a metade vai para os
20% mais ricos da população. É um funil às avessas. Ou se muda isso, modificando a
política de orientação educacional deste país, ou continuaremos remando contra a
maré e fazendo um trabalho inócuo, porque as forças contrárias são mais poderosas
do que os nossos bons propósitos. No caso da TV, a questão é séria, porque o
conteúdo é hegemônico. Estou falando da TV aberta, majoritária, que atinge 86% dos
domicílios brasileiros. Não me refiro à TV de assinatura, mais qualificada. A TV aberta
exerce um papel deseducativo de desinformação e deformação das novas gerações
brasileiras. Porque tem como prioridade fortalecer o mercado. O que rege a grade de
programação da TV é, justamente, aquilo que dá Ibope, porque significa maior
contingente de consumidores. Não importa se essa prioridade consumista fere
princípios, parâmetros e elementos éticos que a família, a escola, a Igreja e a
sociedade, querem incutir nos jovens. Importa aumentar o índice de consumo. Isso
não seria tão grave se não houvesse um antagonismo. Não é uma competição, é mais
do que isso - há um conflito ético entre a formação e a deformação de uma pessoa.
Uma pessoa não pode ser, simultaneamente, cidadã e consumista. Há um momento
em que uma dessas dimensões é prioritária na sua vida. A publicidade sabe muito
bem que, quanto mais culta uma pessoa - cultura é tudo aquilo que engrandece o
nosso espírito e a nossa consciência - menos consumista ela tende a ser. Um
pequeno exemplo: quem gosta de música clássica, certamente não contribui para
enriquecer a indústria fonográfica. O que garante as fortunas que rolam nesta indústria
é, a cada dia, o consumidor experimentar uma nova banda, um metaleiro diferente;
porque, se não for assim, se ele gostar de meia dúzia de compositores clássicos, o
consumo será menor, pois comprará apenas as novas interpretações dos
compositores da sua preferência. A TV aberta não trabalha visando favorecer a
cultura, porque cultura cria discernimento crítico; ela trabalha com o entretenimento,
que esgarça os nossos princípios éticos. O que é entretenimento? É aquele conjunto
de enlatados que vem dos EUA, filmes violentos, desenhos animados, programas
humorísticos etc. Em resumo, aquilo que vemos no domingo, Dia Nacional da
Imbecilização Geral. Imbecis o apresentador, os participantes e a platéia, que fica
naquele senta-levanta, aplaudindo. Todos obedecem a monitores invisíveis, que o
telespectador não vê em casa. Imbecis nós que, em vez de passearmos com a família,
ficamos sentados na poltrona, achando que estamos absorvendo alguma coisa útil, e
com isso quebrando o diálogo familiar, o divertimento das crianças, o contato com a
natureza, e uma série de atividades saudáveis. E o pior, eles avisam: Sai debaixo! A
gente não sai e acorda na segunda-feira com ressaca espiritual. Ou alertam: cuidado,
Alta Tensão! Mas continuamos insistindo e marcando ponto nos Ibopes. Qual é o
segredo do entretenimento? Quem trabalha em publicidade, ou em roteiros de
enlatados, conhece a alquimia. Não é fácil criar entretenimento, porque não se pode
dar sustança ao espírito e à consciência do público; deve-se dar, apenas, toques
sensitivos, capazes de hipnotizar o público. O rádio, por exemplo, é universal; pode-se
ouvi-lo dirigindo carro, cozinhando, plantando etc. A TV, não. Ela exige uma atitude de
submissão, provoca hipnose. Tenho de estar diante do aparelho. Aliás, já passa da
hora de as escolas levarem a TV para dentro da sala de aula, como fazem com o
texto. Debatendo o conteúdo das imagens os alunos educarão o próprio olhar, com
mais discernimento crítico. Como se faz a alquimia do entretenimento? Graças aos
conhecimentos do doutor Freud, sabemos que o nosso inconsciente gira no diapasão
início da vida / fim da vida. Somos o único animal que sabe que nasceu e que vai
morrer. Nenhum outro animal tem essa consciência. Todos os animais são
contemporâneos de seu presente. São todos aqui e agora. Nós, não só oscilamos em
nível do consciente, como temos um grande risco na vida, que é o de não ser
contemporâneo do próprio presente, como ensina, por exemplo, a tradição budista.
Envelhecemos mais rapidamente quando vivemos na nostalgia do que passou, ou na
ansiedade do que virá, e não somos capazes de ser presentes na atualidade. Por isso,
gosto muito do poema que diz: "O passado passou / o futuro virá / mas isso, aqui e
agora, / é, de fato, um presente". Porém, é preciso saber curti-lo. O diapasão da
indústria do entretenimento é transformar o início da vida em sexualidade, pornografia;
e o fim da vida, a morte, em violência. Ligam as duas coisas e eis o êxito, eis o
crescimento do Ibope, eis a formação de consumidores. Gostamos de ser
espectadores de algo que é instigante no nosso inconsciente e mexe com as
profundezas do nosso psiquismo. Mas não podemos estar permanentemente numa
atitude de Eros. Ainda não chegamos à fase de humanização em que as estruturas do
nosso cérebro, tributárias de répteis e primatas, tenham sido inteiramente superadas.
Costumo alertar, quando me dizem que precisamos "escolher políticos que tenham
diploma de curso universitário", que a bomba de Hiroshima e Nagasaki foi construída
por grandes cientistas, todos eles com PhD em física, química etc; os fornos
crematórios de Auschwitz foram construídos por engenheiros; as armas biológicas, por
médicos. Ou seja, o fato de alguém ter alta qualificação do ponto de vista erudito, do
ponto de vista acadêmico, significa pouco. Sentido da educação - Educação é
formar pessoas verdadeiramente humanizadas e felizes. Isso significa formar pessoas
com muita ética, princípios e projeto de vida. Sem isso não é possível ser humano e
ser feliz. Que educação é essa que forma um mundo de desigualdade? Que educação
é essa que forma um mundo em que a competitividade é um valor acima da
solidariedade? Que educação é essa que, ela própria, é fator de estímulo à
competitividade, na forma de provas, prêmios, humilhação dos que não passaram de
ano, dos que não avançaram - e que são a maioria? A maioria não tira o primeiro
lugar. Lembro do quanto sofri no curso secundário, no ensino fundamental, por não ser
premiado, não ter meu nome no quadro de honra, não receber medalha, não figurar
entre os primeiros da classe, como narro em meu livro Alfabetto Autobiografia Escolar
(Ática). Considerava-me um perdedor. A educação me ensinava a engolir a minha
humilhação de ser um perdedor. Ora, que educação é essa que não consegue
trabalhar a formação de princípios éticos? Criança em Belo Horizonte, eu ia ao centro
da cidade comprar prego para os meus carrinhos de rolimã ou para as manivelas que
eu mesmo fabricava. Naquela época, felizmente, não existia a palavra griffe, a gente
montava os próprios brinquedos. Meu pai alertava: "Não passe em determinadas ruas
do centro. " Era onde ficava a zona boêmia da cidade. Como um pai vai dizer isso,
hoje, a um filho se, ao ligar o televisor, a zona boêmia, o bordel inteiro é despejado
dentro de casa? Um dos desafios mais difíceis e urgentes a ser enfrentado é a
formação sexual e afetiva das crianças e dos jovens. Passei 22 anos nos bancos
escolares e nunca as escolas que freqüentei abordaram as situações-limite da vida,
pelas quais todos passamos, ou haveremos de passar. A escola nunca falou em dor,
perda, ruptura afetiva, falência, morte, espiritualidade. Felizmente, só estudei quatro
anos em colégio religioso; os outros foram em escola pública. Nos quatro anos como
aluno de colégio religioso ouvi falar de doutrina e moralismo, mas não da experiência
de Deus, de valores evangélicos, de amor preferencial aos pobres. A escola nunca
falou de sexualidade; hoje, fala de cuidados higiênicos, para evitar doenças
sexualmente transmissíveis. E a educação afetiva? A educação para o amor? A
relação afetiva é determinante na vida de todas as pessoas. Atualmente, a média
brasileira de duração do matrimônio é de sete anos. (Quem passou dessa média, pode
comemorar, porque já está no lucros) É curioso que algo tão determinante não tenha
um mecanismo educativo que concorra para essa formação. Mais curioso é que há
uma exceção paradoxal: a única escola de formação afetivo-conjugal que existe em
todo o país é a Igreja Católica, que exige o celibato de seus padres e religiosas, mas
não celebra casamentos sem que o casal faça o curso de noivos. Felizmente, a
maioria dos cursos é dada por leigos. Certa vez, uma amiga me disse: "Betto, não vou
batizar os meus filhos, nem educá-los em nenhuma religião. Eles, aos vinte anos,
decidam se querem seguir alguma religião e qual. Fui aluna de colégio de freiras e
paguei análise muitos anos para me livrar de tabus e recalques que me foram
incutidos". Eu disse a ela: "Você, como mãe, e seu marido, como pai, têm todo o
direito de educar os filhos como bem entenderem, mas não concordo com a sua ótica.
Você não tem escolha: ou você educa, ou a Xuxa educa, não há alternativa. Se você
não der educação religiosa a seus filhos - educação aqui entendida como valores
evangélicos, princípios éticos, abertura ao transcendente -, a Xuxa vai ensinar a eles o
que é certo e errado, o que é bom e ruim, quem é o bandido e o mocinho, qual é o
jogo ético, aético ou antiético da vida social. Você não tem escolha, ou seja, a
formação da subjetividade é uma questão educativa da maior importância." A escola,
na sua tradição ocidental e brasileira, por razões históricas e cartesianas, esquece a
questão da subjetividade, uma das duas dimensões essenciais do ser humano. *
Escritor, autor, em parceria com Paulo Freire e Ricardo Kotscho, de "Essa Escola
chamada Vida" (Ática), entre outros livros.
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=4523 acessado em
25/07/2006.
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A Escola dos Meus Sonhos
Frei Betto
Na escola dos meus sonhos, os alunos aprendem a cozinhar, costurar,
consertar eletrodomésticos, a fazer pequenos reparos de eletricidade e
de
instalações hidráulicas, a conhecer mecânica de automóvel e de geladeira
e algo de construção civil. Trabalham em horta, marcenaria e oficinas
de
escultura, desenho, pintura e música. Cantam no coro e tocam na
orquestra. Uma semana ao ano integram-se, na cidade, ao trabalho de
lixeiros,
enfermeiras, carteiros, guardas de trânsito, policiais, repórteres,
feirantes e cozinheiros profissionais. Assim aprendem como a cidade se
articula
por baixo, mergulhando em suas conexões que, à superfície, nos asseguram
limpeza urbana, socorro de saúde, segurança, informação e alimentação.
Não há temas tabus. Todas as situações-limite da vida são tratadas
com abertura e profundidade: dor, perda, falência, parto, morte,
enfermidade,
sexualidade e espiritualidade. Ali os alunos aprendem o texto dentro do
contexto: a Matemática busca exemplos na corrupção dos precatórios e nos
leilões das privatizações; o Português, na fala dos apresentadores de TV
e nos textos de jornais; a Geografia, nos suplementos de turismo e nos
conflitos internacionais; a Física, nas corridas de Fórmula-1 e nas
pesquisas do supertelescópio Huble; a Química, na qualidade dos
cosméticos e na
culinária; a História, na violência de policiais contra cidadãos, para
mostrar os
antecedentes na relação colonizadores - índios, senhores - escravos, Exército - Canudos, etc.
Na escola dos meus sonhos, a interdisciplinaridade permite que os
professores de Biologia e de Educação Física se complementem; a
multidisciplinaridade faz com que a História do livro seja estudada a
partir da análise de textos bíblicos; a transdisciplinaridade introduz
aulas de
meditação e dança e associa a história da arte à história das ideologias
e das expressões litúrgicas. Se a escola for laica, o ensino religioso é
plural: o rabino fala do judaísmo, o pai-de-santo, do candomblé; o
padre, do catolicismo; o médium, do espiritismo; o pastor, do
protestantismo; o
guru, do budismo, etc. Se for católica, há periódicos retiros
espirituais e adequação do currículo ao calendário litúrgico da Igreja.
Na escola dos
meus sonhos, os professores são obrigados a fazer periódicos
treinamentos e cursos de capacitação e só são admitidos se, além da
competência, comungam
os princípios fundamentais da proposta pedagógica e didática. Porque é
uma escola com ideologia, visão de mundo e perfil definido do que sejam
democracia e cidadania. Essa escola não forma consumidores, mas
cidadãos.
Ela não briga com a TV, mas leva-a para a sala de aula: são exibidos
vídeos de anúncios e programas e, em seguida, analisados criticamente. A
publicidade do iogurte é debatida; o produto adquirido; sua química,
analisada e comparada com a fórmula declarada pelo fabricante; as
incompatibilidades denunciadas, bem como os fatores porventura nocivos à
saúde. O programa de auditório de domingo é destrinchado: a proposta de
vida
subjacente, a visão de felicidade, a relação animador-platéia, os tabus e
preconceitos reforçados, etc. Em suma, não se fecham os olhos à
realidade,
muda-se a ótica de encará-la. Há uma integração entre escola, família e
sociedade. A Política, com P maiúsculo, é disciplina obrigatória. As
eleições
para o grêmio ou diretório estudantil são levadas a sério e, um mês por
ano, setores não vitais da instituição são administrados pelos próprios
alunos. Os políticos e candidatos são convidados para debates e seus
discursos analisados e comparados às suas práticas.
Não há provas baseadas no prodígio da memória nem na sorte da
múltipla escolha. Como fazia meu velho mestre Geraldo França de Lima,
professor de
História (hoje romancista e membro da Academia Brasileira de Letras), no
dia da prova sobre a Independência do Brasil, os alunos traziam para a
classe
a bibliografia pertinente e, dadas as questões, consultavam os textos,
aprendendo a pesquisar. Não há coincidência entre o calendário
gregoriano e o
curricular. João pode cursar a 5ª série em seis meses ou em seis anos,
dependendo de sua disponibilidade, aptidão e seus recursos. É mais
importante
educar do que instruir; formar pessoas que profissionais; ensinar a
mudar o mundo que ascender à elite. Dentro de uma concepção holística,
ali a
ecologia vai do meio ambiente aos cuidados com nossa unidade
corpo-espírito e o enfoque curricular estabelece conexões com o
noticiário da mídia.
Na escola dos meus sonhos, os professores são bem pagos e não
precisam pular de colégio em colégio para se poderem manter. Pois é a
escola de uma
sociedade em que educação não é privilégio, mas direito universal, e o
acesso a ela, dever obrigatório.
Frei Betto é escritor, autor do romance "O Vencedor" (Ática), entre outros livros.